5 de janeiro de 2015

A tigela de madeira

Um frágil e velho homem foi viver com seu filho, a nora e o neto de quatro anos. As mãos do velho tremiam, a vista era embaralhada e o seu passo era hesitante.

A hora da refeição era ainda mais complicada. Por causa das mãos trêmulas, por vezes o garfo ou a comida acabava caindo no chão. Ao pegar seu copo de leite, ele acabava derramando um pouco na toalha da mesa, o que irritava muito o filho e a nora.

“Nós temos que fazer algo com respeito ao papai”, disse o filho. “Já tivemos bastante do seu leite derramado, ouvindo-o comer ruidosamente e de sua comida pelo chão”.

O casal decidiu então colocar uma pequena mesa em um canto da cozinha, onde o velho comia sozinho, enquanto a família desfrutava do jantar no lugar de costume. Desde que o avô tinha quebrado um ou dois pratos, a comida dele passou a ser servida em uma tigela de madeira.

Quando a família olhava de relance na direção do velho, às vezes percebiam nele lágrimas nos olhos por estar só. Ainda assim, as únicas palavras que o casal tinha para ele eram advertências acentuadas por derrubar algo no chão. O menino assistia e prestava atenção a tudo em silêncio.

Certa noite, antes da ceia, o pai notou que a criança estava brincando no chão com sucatas de madeira e perguntou docemente ao menino: “O que você está fazendo?”

De modo inocente ele respondeu: “Eu estou fabricando uma pequena tigela para você e a mamãe comerem sua comida quando eu crescer”, e voltou a trabalhar.

Essas palavras fizeram os pais emudecerem e as lágrimas vieram aos seus rostos. Naquela mesma noite, o pai pegou o avô gentilmente pelas mãos e o levou até a mesa de jantar onde ele passou a comer com a família todos os dias.  A partir daquela data o casal não se importava mais com o garfo ou a comida que caía no chão, nem com o leite derramado sobre a toalha da mesa. (adaptado de autor desconhecido).

O estatuto do idoso completou 11 anos no dia 1º de outubro, no entanto, ele só terá efeito quando for entendido no seio das famílias. Nesse sentido, aliás, nem seria necessário um estatuto.

Eis aí a tua mãe!
Nós, cristãos, temos a Palavra a qual nos ensina muito a respeito deste assunto. “Honra a teu pai e tua mãe”, “Ensina a criança no Caminho em que deve andar”, “cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades”. Todavia, dentre todos, o que eu mais gosto vem do Mestre. “Quando Jesus, contudo, viu sua mãe e junto a ela o discípulo a quem Ele amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho!’” (Jo 19,26).

Em meio à dor torturante da cruz e antes que tudo fosse consumado (v. 30) Jesus lembrou-se daquela que o carregou no ventre, alimentou e o educou até que se tornasse homem feito. Não, Ele não poderia deixá-la só, então: “Em seguida, disse Jesus ao seu discípulo: ‘Eis aí a tua mãe!’ E daquele momento em diante, o discípulo amado a recebeu como parte de sua família.” (Jo 19,27b)

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