23 de novembro de 2013

O perdão liberta

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O perdão é uma escolha individual, ninguém pode decidir perdoar ou não pelo outro

Na frase “a vida é feita de escolhas” estão embutidas duas ideias: liberdade e ‘destino’. Liberdade pelas escolhas que fazemos e ‘destino’ como consequências destas escolhas. De certo modo pode-se dizer que cada um de nós tem toda liberdade de escolher quais caminhos tomar. E, ao mesmo tempo, cada um destes caminhos nos levam a destinos diferentes.

Um parêntese: isso não é verdade sempre. As escolhas dos pais trarão consequências para os filhos, escolher beber e dirigir pode trazer consequência para os outros e assim por diante. Portanto: 1) Nem sempre o que nos acontece depende exclusivamente de nós; 2) Destino aqui tem o sentido de consequência.

De modo geral, naquilo que nos é restrito, somos afetados por nossas escolhas, mesmo quando elas também afetam a outras pessoas. Neste sentido, podemos dizer nós definimos o modo como iremos viver o nosso destino. Quantas vezes buscamos viver da melhor maneira, mas não nos damos conta que algumas escolhas que fazemos nos levam a viver de outra. Às vezes se quer percebemos que o único responsável  pela não realização dos nossos sonhos somos nós mesmos. Isto é, não os realizamos por causa das escolhas erradas que fazemos.

O perdão é uma dessas escolhas que podemos ou não fazer. Perdoar é uma escolha do tipo pessoal e intransferível. Pode-se teorizar, racionalizar e sublimar ao máximo sobre o assunto, mas sempre será algo pessoal, será sempre uma decisão ‘foro íntimo’. Certamente não se trata algo fácil, até porque quanto maior a ofensa mais difícil é perdoar. Certas situações de a vida, o perdão parece ser algo impossível.

Contudo, é de menor importância saber se a ofensa é grande ou pequena ou, se a situação é fácil  ou difícil. Seja qual for o caso uma coisa é certa, essa decisão (perdoar/não perdoar) trará consequências para a vida da pessoa para o bem ou para o mal. E mais do que isso, o ofendido será sempre o principal receptor da decisão que ele vier a tomar. A história de José é um bom exemplo disso.

“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; ... Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega. Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, ... Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, ...” (Gn 45,5-8)

Encontramos na história de José momentos de superação das várias injustiças sofridas. José superou a dor de ter sido vendido como escravo pelos próprios irmãos. Preferido de seu pai, Jacó, era invejado por seus irmãos e por isso eles pretendiam matá-lo e acabaram por vendê-lo. Por pouco Jacó não morreu de tristeza ao saber da morte - mentira contada pelos irmãos - de seu filho preferido. José também não levou em conta a mentira da mulher de Potifar, oficial de Faraó. Por causa da mentira dela, José foi levado à prisão injustamente. Na prisão José fez vários amigos, entre eles o copeiro-mor. Porém, este não cumpriu a promessa feita a seu amigo e José foi esquecido na prisão por mais dois anos.

Essas coisas: injustiça, abandono e desprezo, acabaram por moldar o seu caráter. Ao tornar-se o segundo homem mais poderoso do Egito, abaixo apenas do Faraó, José não se vigou de nenhum deles.

Dizem que uma das maiores dores sofridas por uma pessoa são aquelas ocorridas no seio da família. Ler a história de José é emocionante justamente porque ainda que seus irmãos não merecessem José decidiu lhes perdoar. Ora, ele se tornara poderoso e, de certo modo, estava sendo recompensado por manter sua integridade em meio as situações da vida. José não precisava “provar nada pra ninguém”, como se diz. Mas ele foi além, decidiu ser livre, decidiu pelo perdão.

Sentimentos como rancores e mágoas nos aprisionam e por mais que queiramos nos livrar deles, não é tão simples assim. Por outro lado, essa é (sempre será) uma decisão pessoal. Podemos escolher viver como escravos das amarguras, das tristezas e da sede de vingança (ou justiça), ou podemos ser livres para viver uma vida mais leve e mais feliz. Essa foi a decisão de José. Ele possuía muito mais do que poderia sonhar: família, poder, prestígio, e riqueza. Embora não vivesse mais no cárcere, ele poderia ter decido viver escravo de seus ressentimentos. José preferiu a liberdade.

A história de José nos ensina que o perdão é possível e libertador. Liberta o homem, em primeiro lugar, de si mesmo. Se há perdão então não há espaço para dores, mágoas ressentimentos e lembranças ruins. Se há perdão há espaço para conforta o sofrimento de causo a ofensa. “Agora, pois, não vos entristeçais”.

Nesta história a parte mais emocionante é aquela em que José surpreende a todos e sem o menor vergonha chora com seus irmãos. “E lançou-se ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; ... E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; ...” (Gn 45,14-15)


Podemos decidir estudar/não estudar, fumar/não fumar; casar/não casar; etc. Quaisquer que sejam nossas escolhas elas nos trarão consequências. De todos os desejos da vida ser feliz é o mais frequente deles, todavia raramente pensamos na felicidade como consequência de nossas escolhas. Se queremos ser felizes precisamos fazer as escolhas certas. Na história de José, todas as suas conquistas não lhe trouxeram a felicidade: viver em paz com sei e seus irmãos. Ele só a encontrou quando tomou uma decisão difícil e pessoal, perdoar. Nem sua esposa, seus filhos o seus irmãos poderiam tomar essa decisão por ele. Essa atitude dependia José e só de José.

Conclusão: 1) Perdoar é muito difícil, mas não é impossível; 2) Perdoar/não perdoar é uma decisão pessoal; 3) As consequências da decisão a ser tomada afetarão, em primeiro lugar, a própria pessoa.

Que o Senhor nos ajude a fazermos as melhores escolhas porque delas dependem, em grande parte, o modo viveremos.

10 de agosto de 2013

Cada um tome a sua (própria) cruz

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"E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me". (Lucas 9,23)

"Se alguém quer" = qualquer pessoa que queira (decisão pessoal consciente)
"vir após mim" = seguir, fazer/viver do mesmo modo (vida prática e não em teoria)
"negue-se a si mesmo" = abandone a sua vontade e seu ego (1 - não se deixa dominar pela própria vontade)
"e tome cada dia a sua cruz" e também, aceite a sua cota diária de sacrifício e dor que possa ter (2 - Voluntariante aceita as vicissitudes da vida)
"e siga-me" = então será meu seguidor (atendendo todos os critérios acima torna-se seguidor de Jesus)

"Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa". (Mateus 5,11)

3 de julho de 2013

Menores!? Por quê?

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Os profetas bíblicos se dividem basicamente em dois grupos para efeitos de estudo, profetas maiores e profetas menores. Esta divisão está relacionada à quantidade de escritos de cada profeta e não ao tempo em que viveram. Assim, temos vários profetas contemporâneos separados em livros distantes uns dos outros.

Os profetas chamados maiores apresentam um rico material de estudo, contudo há certa “injustiça” no valor dado aos profetas chamados menores. Seus escritos intensos e cheios de vida pulsante saltam entre linhas e palavras escolhidas cuidadosamente, quase sempre, em meio a perseguições e lutas pela própria vida.  Vida que corria em fuga. “Então o SENHOR me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo”. (Hb 2,2).

A clareza destes profetas é de impressionar, principalmente quando o opressor era do seu próprio povo, fossem eles líderes, sacerdotes ou profetas. “Os seus chefes [cabeças]* dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”. (Mq 3,11)

As vísceras da injustiça são expostas como só assertivas poéticas podem mostrar. “Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos [sandálias]**” (Am 2,6).

Na economia das palavras não há nenhuma economia da dor, da luta, da injustiça ou das transgressões sofridas. E, mesmo quando o assunto é era o relacionamento com Deus, estes profetas sabiam muito bem o que e, principalmente, como expor aquilo que o Senhor verdadeiramente quer de cada um de nós, de cada ser humano e do seu povo em particular. “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso”. (Am 5,21-24)

A leitura atenta dos profetas chamados menores é um convite à percepção clara, direta e prática das vicissitudes em que viviam. E mais, é um desafio a “escavar” outros tesouros ainda mais raros e profundos escondidos entre as frases e palavras. Portanto, a tarefa destes homens diante dos desafios e a riqueza de seus escritos nos leva a perguntar. Profetas menores? por quê?

* Explicação nossa. ** Tradução nossa.

7 de junho de 2013

Perfil de um homem de Deus

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Por: Adalberto Alves de Sousa


Na época eu li sem dar a devida atenção, mas deveria. O texto do amigo e professor Adalberto, um dos poucos a nos pastorear no Seminário do Sul, era uma obra prima. Não por acaso, o texto tronou-se o editorial em homenagem ao pastor Israel Belo de Azevedo naquele dia do pastor na Igreja Batista Itacuruçá.


“Samuel foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas. Era homem de profunda piedade e discernimento espiritual, inteiramente dedicado à realização dos propósitos de Deus referentes a Israel (...) Foi chamado para guiar a Israel em algumas das maiores crises de sua história, e chega quase à estatura do próprio Moisés. Sem qualquer vontade de sua parte, viu-se no papel de ‘fabricante de reis’, pois foi comissionado a ungir a Saul, o primeiro rei, então a Davi, o maior dos reis de Israel”. 1

            É justamente dessa vida de que vamos pinçar alguns traços para compor o perfil de um homem de Deus.

1. Chamada — Ninguém pode se apresentar onde quer que seja como homem de Deus a não ser que tenha sido chamado. E quem chama é o próprio Deus: “Rogai, pois ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9.38). Foi assim com Abraão: “Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gênesis 12.1); foi assim com Moisés: ”Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Êxodo 3.10); foi assim com Paulo: “mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer” (Atos 9.6). O homem de Deus tem uma inequívoca chamada de Deus: ”Samuel! Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu servo ouve” (1Samuel 3.10). Você se lembra do dia em que Deus o chamou?

2. Preparo — Quando Deus chama alguém para uma tarefa específica na sua seara, Ele mesmo provê o preparo necessário. Às vezes, antes da própria chamada, como ocorreu com Moisés (na casa de Faraó), com Paulo (aos pés de Gamaliel). O homem de Deus precisa de preparo, e na vida de Samuel percebemos esse traço bem delineado: “Samuel, porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino...” (1Samuel 2.18); “Entrementes, o menino Samuel crescia diante do Senhor, como também diante dos homens” (1Samuel 2.26). É interessante notar que Lucas, ao descrever o crescimento de Jesus, praticamente copia este último verso (cf. Lucas 2.52). O preparo de Samuel foi integral: compreendeu teoria e prática. E o seu preparo, como tem sido?

3. Trabalho — Este traço na vida de Samuel extrapola o seu tempo: “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida. De ano em ano rodeava por Betel, Gilbal e Mizpá, julgando a Israel em todos esses lugares. Depois voltava a Ramá, onde estava a sua casa, e ali julgava a Israel; e edificou ali um altar ao Senhor” (1Samuel 7.15-17). Nestes tempos de ativismo é bom prestar atenção a essas palavras. O texto deixa claro que Samuel, embora trabalhasse todos os dias, era um homem organizado. Seu trabalho submetia-se a um planejamento anual. Será que temos conseguido planejar nosso trabalho pelo menos pra uma semana? O homem de Deus precisa ser devotado ao trabalho: “Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” (Josué 9.4).

4. Fé — O quarto traço que pretendo avivar neste perfil do homem de Deus é a fé. Sem fé a chamada perde todo o seu sentido; sem fé, o preparo é incompleto; sem fé, o trabalho é infrutífero: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11.6). O homem de Deus precisar ser, necessariamente, um homem de fé. Samuel o foi. A casa de Israel estava afastada de Deus e entregue a toda a sorte de idolatria. Os filisteus eram ameaça iminente. Diante dessa situação caótica Samuel reúne o povo para dizer que a esperança está em Deus. Começa com uma condição: “Se de todo o vosso coração voltais para o Senhor” e conclui com uma promessa: “ele vos livrará da mão dos filisteus” (1Samuel 7.3). O povo aceitou o desafio, voltou-se para Deus, confessando seu pecado e livrando-se dos ídolos. O inimigo veio com toda a sua fúria, enquanto o povo mais se aproximava de Samuel: “Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós para que nos livre da mão dos filisteus (1Samuel 7.9). Indiferente ao ataque do inimigo, Samuel ofereceu um cordeiro em holocausto, clamou ao Senhor, e o Senhor honrou a sua fé: “Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegavam para pelejar contra Israel; mas o Senhor trovejou naquele dia com grande estrondo sobre os filisteus, e os aterrou; de modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel” (1Samuel 7.10). O homem de Deus precisa não somente de fé; é necessário que ele viva a sua fé, diante do povo.

5. Transparência — Mais do que em qualquer outra época o ministério precisa de transparência. Vivemos numa época de golpes, de falcatruas; estamos no tempo em que a lei é levar vantagem em tudo. Nunca a figura do pastor foi tão aviltada, até porque está muito difícil estabelecer a diferença que existe entre pastor e pastor. Na vida de Samuel o texto fala por si só: “Eis-me aqui! Testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido. De quem tomei o boi? ou de quem tomei o jumento? ou a quem defraudei? ou a quem tenho oprimido? ou da mão de Deus tenho recebido suborno para encobrir com ele os meus olhos? E eu vo-lo restituirei. Responderam eles: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém. Ele lhes disse: O senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é hoje testemunha de que nada tendes achado na minha mão. Ao que respondeu o povo: Ele é testemunha” (1Samuel 12.3-5). A vida do homem de Deus deve ser marcada pela transparência: ampla; geral; irrestrita.

6. Amor — Na composição do perfil de um homem de Deus, sem dúvida, o amor é um traço de todo indispensável. Aliás, o traço do amor, de tão importante que é, não sobressai, justamente porque, estando presente em todos os demais, confunde-se com eles. A vida de um homem de Deus é uma vida de amor. Assim é que, na vida de Samuel, não vou destacar um momento caracterizado pelo amor. A sua vida inteira foi uma vida permeada pelo amor. “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida” (1Samuel 7.15). Se você quer ser um verdadeiro homem de Deus, comece por amar o povo.

7. Humildade — Para completar este perfil em que estamos trabalhando, vamos pinçar o sétimo e último traço, característico da vida de Samuel —  a humildade. Se o homem aceita o desafio da chamada, adquire o preparo necessário e se dedica ao trabalho com fé, transparência e amor, com certeza Deus vai atuar grandemente em seu ministério, e é aí que ele vai ter que demonstrar toda a sua humildade. Embora seja tentado, a cada momento, a achar que é ele quem está realizando uma grande obra, não pode perder de vista o fato de que é Deus quem realiza, através da sua instrumentalidade. Se porventura há honra, glória, louvor, tudo deve ser dirigido única e exclusivamente a Deus. A postura do homem de Deus é aquela recomendada pelo Mestre: “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somo servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer” (Lucas 17.10). Foi a atitude de Samuel. Embora a sua atuação tenha sido decisiva na derrota dos filisteus, ele fez questão de deixar bem claro para o povo que todo o mérito pertencia ao Senhor. “Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Samuel 7.12).

Você é um homem de Deus? Como está hoje o seu perfil? A minha oração neste seu dia é que o povo tenha condição de dizer a seu respeito:

“Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e ele é muito considerado; tudo quanto diz, sucede infalivelmente. Vamos, pois, até lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir” (1Samuel 9.6).


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1 SHEDD, Russel P. A Bíblia Vida Nova. S. Paulo: Vida Nova, apêndice, p. 293.

6 de maio de 2013

A verdadeira religião cristã

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Examinando o texto (direto).
A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. (Tiago 1,27)

Examinando o texto (com notas):
A religião [ou ritual de adoração, culto como expressão em atos rituais]
pura [ou  limpa, sem mácula, literalmente ou cerimonialmente ou espiritualmente; inocente, sem culpa, íntegro, sem mistura]
e imaculada [ou sem mancha, livre de contaminação]
para com Deus, o Pai, é esta:
Visitar [ou olhar para fora, selecionar, examinar com os olhos: a fim de ajudar ou para beneficiar, equivalente a cuidar]
os órfãos [ou  enlutados, que perderam os pais, desolados]
e as viúvas nas suas 
tribulações, [ou perseguições, aflições, angústias]
e guardar-se [manter intacto, observar, vigiar,  corretamente]
da corrupção 
do mundo [ou universo, assuntos mundanos, os habitantes do mundo].

Reinterpretando o texto:
A verdadeira adoração a Deus manifesta na forma de culto, a qual é íntegra, sem mistura, sem manchas e sem contaminação para com Deus, o Pai, é esta: Com olhar atento, com zelo e o desejo ardente de ajudar, ir ao encontro dos enlutados, dos desolados, das crianças sem família e das viúvas nas suas tribulações, angústias e perseguições tendo sempre o cuidado e atenção a seu próprio caráter, isto é, mantendo-se intacto e sendo correto para não se contaminar com os valores mundanos e corruptos da sociedade.

Portanto, este versículo da carta de Tiago expressa o conceito da verdadeira religião cristã. Esse é culto agradável a Deus do ponto de vista bíblico.

9 de abril de 2013

Fazendo "oiação"

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Todas as manhãs são parecidas. Levanto, acordo minha filha, preparo a mamadeira e vou orar. Vez por outra ela interrompe. – Papai o que você tá fazendo? Com carinho: –  Xii, fique quietinha! papai tá fazendo oração.

Novo dia tudo igual e ela pergunta: – Papai você tá fazendo oiação? – Tô sim, espera o papai terminar.

Hoje deixei-a na cama com a mamadeira e disse: – Espera aqui, papai vai fazer oração. Na volta ela iniciou a conversa. – Papai você fez oiação? Perguntou porque não me viu orar na sala, como de costume. – Fiz sim, respondi, e você já fez oração? – Ainda não!

Fiquei surpreso com a resposta e a atitude que tomou. Sem pestanejar desceu da cama dizendo. – Peia aí, vou fazer oiação. Dirigindo ao sofá da sala ajoelhou-se, ainda que seus joelhinhos não alcancem o chão, e ficou quietinha de cabeça baixa por alguns momentos.

Logo que levantou perguntei. – Você fez oração filha? – Fiz, papai, eu fiz oiação.

Existe uma fase na vida da criança que ela imita tudo o que os pais fazem, mesmo sem saber o porquê fazem. Duas coisas são verdades sobre esta afirmativa.

1 – Ao longo da vida a criança vai criar sua própria personalidade e fazer suas próprias escolhas. Isto é, nem sempre vão imitar seus pais.
2 – As lembranças desta primeira infância ficarão gravadas na memória da criança para sempre. Isto é, qualquer que seja o caminho que venha a seguir, estas lembranças serão sempre “despertadas” por uma ou outra razão.

Portanto, se não há garantias de que os valores dos pais serão os mesmos dos filhos, quando estes crescerem, por outro lado, estes valores nunca serão apagados das suas memórias. A questão é saber quais valores temos “imprimido” nas mentes de nossas crianças.

30 de março de 2013

Um estranho jantar

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Havia um estranho silêncio naquela noite de primavera. Aquele parecia ser mais um encontro deles com seu grande amigo, assim como tantos outros, mas algo diferente pairava no ar. Que noite estranha aquela! O que a fazia diferentes de todas as outras? Seria a tradicional festa que se avizinhava? Seria alguma nova revelação? O amigo tinha um olhar distante e melancólico. Por quê? Será que algo o afligia? O que seria? De repente um deles sai às pressas com um semblante ainda mais estranho.

Então bem no meio do jantar Ele fez algo diferente e tudo começava a se revelar. Tomando o pão em suas mãos deu graças e disse as mais estranhas palavras já ditas até então: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.” O que elas significavam? Olhavam-se atônitos sem que houvesse em nenhum deles coragem bastante para perguntar-lhe. Seu olhar era de profunda tristeza. Ficou a dúvida e o silêncio sepulcral.

Uma vez mais ele quebrou o protocolo. Tomando o cálice com vinho deu graças outra vez e disse: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” Essas palavras lhes calaram ainda mais fundo. O medo começava a tomar conta dos seus corações. Homens experimentados nos vários momentos vividos com Ele, o Mestre.  Entreolhando-se perceberam que aquela noite, aquele jantar tinha algo de muito estranho, mesmo para eles.

Afinal, qual o sentido destas coisas?

Num terceiro ato o Mestre os surpreendeu mais uma vez. Tomou uma toalha e uma bacia e pôs-se a lavar-lhes os pés. Na verdade constrangeu-os a que lhes lavasse. Definitivamente o Mestre estava mais estranho e misterioso naquela noite e nada parecia fazer sentido.

O que sucedeu em seguida foi só suor, lágrimas, sangue e dor. Muita dor. Aquela noite, aquele jantar era uma despedida. Não o veriam novamente, pensavam consigo. O Mestre estava morto e tudo estava acabado. Esse era o sentimento dos que o conheciam e o amavam. Estavam literalmente quebrados, sem esperança ou orientação. “vou pescar”.

Certamente aqueles dias foram difíceis, dias de grande reflexão, dias de lágrimas. Tudo o que viram, ouviram e fizeram juntos; alegrias, tristezas e desavenças e tudo tão intenso não mais havia. Não o tinham mais por perto e nada mais fazia sentido. “vou pescar”.

Fico pensando no pesar daqueles homens com a perda de alguém tão especial como Jesus. Aquela noite nunca mais sairia das suas mentes. A noite em que se despediam de seu grande amigo sem saber.

Naquele caso uma grande alegria ainda os aguardava, Ele ressuscitaria. Mas na nossa vida nem sempre é assim. Um dia, uma noite, um momento, pode ser o último. Tantas palavras ditas, que não deveriam, outras não ditas, que deveriam. Tanta “força”, tanta necessidade de vencer, de chegar primeiro, de superar a si, de superar o outro. Isso tudo para quê? E se for essa a última vez? Se for o último encontro? Será que vale a pena? Talvez não haja outra chance de retornar, de pedir perdão, de despedir-se. Talvez as lembranças fiquem na memória para sempre daquele momento que não voltará nunca mais.

“Como as crianças hierosolimitanas contemporâneas de Jesus, preciso ser vulnerável. Abraçar minha fraqueza, finitude e fugacidade. Insignificar-me. Substituir autonomia por liberdade em uma temporária, e depois voluntária (mas sempre saudável e amorosa), dependência do Pai, que me alimenta, protege, cuida, ensina e acarinha.”*

* https://prazerdapalavra.com.br/criancas/3410--ser-como-uma-crianca-dercinei-figueiredo-.html

22 de março de 2013

Quando Jesus não perdoou ...

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Em conversa com um amigo disse-lhe. – Jesus não perdoou a mulher adúltera (João 8,1-11). Intrigado com a minha proposição ele perguntou. – O que você quer dizer com isso? (A questão que ardia em meu coração era muito mais profunda do que o perdão da mulher, conquanto ele acontecesse por outra razão.) Fiz-lhe então uma pergunta direta. – Você me perdoa? A resposta foi outra pergunta. – Pelo quê? E, essa era a questão.

O perdão pressupõe ofensa e, nesta história, Jesus não foi ofendido ou ofereceu acusação contra aquela mulher. Veja: “E, endireitando-se Jesus ... disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? ... Nem eu também te condeno;” (João 8,10-11).

Ora, os acusadores eram os escribas e fariseus (v. 3) e não Jesus. E, era isso que me fervilhava na mente. “Ele não acusou logo não lhe poderia perdoar”. Então meu amigo me disse. – A questão é como tratar isso na igreja. Aí quem ficou sem saída fui eu. Mais tarde encontrei a resposta aos meus questionamentos.

Se lermos atentamente o texto veremos todo enredo que tantas pregações já nos revelaram:
1. O machismo: apedrejarem a mulher sem fazê-lo ao homem como determina Lv 20,10;
2. A tentação contra Jesus: tentar fazê-lo desobedecer a Lei (v. 8);
3. A hipocrisia pessoal: sendo eles pecadores julgavam-se melhor que a mulher (v. 9) etc.

Mas, o que me intrigava eram as atitudes de Jesus.
a. Ele não os chamou de hipócritas como em outras ocasiões;
b. Não citou a Lei. Por exemplo, poderia exigir também a morte do homem em questão;
c. Jesus sequer fixou os olhos neles como que os acusando. Não! Jesus simplesmente inclinou-se e pôs-se a escrever na areia.

E. era esta cena que justamente me atormentava: o silêncio, da voz e do olhar de Jesus. Por quê?

Dizem que Ele escrevia o pecado de cada um na areia. Pode ser. A mim parece mais que Jesus conseguiu que toda aquela grita “mata!”, “apedreja!”, “adúltera!” (penso eu) se tornasse no mais profundo silêncio da multidão. Gente ávida por sangue, sangue humano, sangue pecador, sangue de mulher.

A chave para entender o texto, a meu ver, está no verso 7.
“E, como insistissem, perguntando-lhe,” Eles insistiram. – agora totalmente atentos à resposta de Jesus. Insistiram porque matá-la traria alívio às suas próprias consciências aflitas corroídas pela dor, pela angústia e pela culpa. Eles insistiram porque não se suportavam mais, o remorso que os sufocava. Insistiram porque precisavam de perdão e, como não o encontrassem, resolveram imolar, na mulher, os seus próprios pecados.

Esses homens são como muitos de nós. Religiosos que desejam fazer tudo de correto e de bom diante do Senhor, mas que definham silenciosamente afligidos pela culpa. Gente que não suportam mais se olhar no espelho pela manhã porque sabe o quanto tem vivido uma vida dupla, uma vida de mentiras, uma vida de hipocrisias. Foi por isso, por causa dessa dor que literalmente os matava, que Jesus não revidou de modo algum. Nem com palavras nem com olhar.

Jesus sentiu a profunda angústia que cada um carregava e ofereceu alívio. Contudo, seria um ato de vontade pessoal. Isto é, cada qual precisaria se perdoar. “endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (v. 7b)

Não a segunda, a terceira ou a última, mas a primeira pedra era a chave para o autoperdão.

De modo terno e generoso voltou a se inclinar deixando-os sós a autoexaminar-se. Cada homem e sua consciência. Essa foi a razão pela qual eles foram saindo uma a um. A começar pelos mais velhos – sofridos a mais tempo. Jogavam no chão os fardos (as pedras) que carregavam em suas mãos (v. 9).

Não, na minha leitura, não era um confronto, mas um encontro entre o homem, sua consciência e a misericórdia de Deus. Esta não acusa, não julga ou promove a culpa. Antes quer perdoar a quem se arrepende, a quem se perdoa a, quem perdoa o seu próximo. É como se Jesus lhes tivesse dito: Não se matem de remorso, busquem o perdão de Deus para vocês porque a morte desta mulher não trará alívio às vossas almas.

É fato, esta misericórdia também alcançou a mulher, contudo penso nela como coadjuvante da história. Chegou “morta” e saiu viva. Machucada, mas viva. Por isso, Jesus avisou. Na próxima vez você pode morrer, então “vai-te, e não peques mais.” (v. 11).

Jesus não perdoou a mulher, perdoou antes e primeiramente aquelas pessoas doentes em suas almas. Pessoas religiosas e “cumpridoras” da Lei.

“... o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5,22-23)

Que cada um de nós possa encontrar o perdão de Deus para sua própria vida. Que vivamos na Sua graça e não sob a Sua na Lei.

Porque quando Jesus não perdoou ... ofereceu misericórdia! Isso é muito mais que o perdão, é infinitamente maior do que a culpa. A isso chamamos de graça divina.

16 de março de 2013

Texto áureo da Bíblia: João 3:17 – para cristãos

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Se alguém perguntar a um cristão qual o texto áureo da Bíblia, João 3,16 ganha disparado.

De fato é um dos poucos versículos completos da Bíblia com  introdução, desenvolvimento e conclusão. Ele é o versículo que resume o plano salvífico de Deus para o homem. São livros e livros, pregações e mais pregações a respeito dele. Se você digitar “João 3:16” no Google encontrará 9,5 milhões de ocorrências, só hoje, amanhã ...

Menos popular, com apenas  2,9 milhões de ocorrências, existe um versículo tão belo e tão fundamental para nós cristão, principalmente para os cristãos “pós-modernos” ocidentais. Vale  muito a pena rever João 3,17: 1) Se cremos que Jesus é Deus; 2) Se cremos ser a Bíblia é a Palavra de Deus, então é melhor repensarmos o nosso cristianismo a luz do que nos afirma este versículo.

No versículo, anterior, o  16, temos o Pai oferecendo o próprio Filho para salvar o homem. Salvar foi a missão de Jesus, e só foi essa sua missão. É o que nos afirma o versículo 17. Ele também começa com “porque” como o anterior, logo trata-se da mesma explicação.

Ora, se Ele, o Filho, não veio condenar o mundo, mas salvá-lo, de onde será que vem esta ideia de julgar/condenar as pessoas? de Deus? de Jesus? de onde? Não sei de nenhum lugar na Bíblia onde Jesus julgou alguém. Onde está escrito tal coisa? E se tivesse escrito? Com que direito julgamos, nós, os outros?

Um parêntese: Julgar, aqui, é condenar, é não usar de misericórdia. Não é o mesmo que discernir/conhecer de Mateus 7,15-20. Pelos frutos (os resultados) conhecereis a árvore (os profetas). Claro, acautelando-se dos falsos. Isto é, não dando ouvidos as suas profecias erradas.

Julgar é algo tão sério mesmo no contexto de Mateus, no capítulo 7, de forma clara lemos: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” (vs 1 e 2).

Nós não temos nenhuma autoridade para julgamos/condenamos as pessoas. Nem mesmo o Filho fez tal coisa. Pelo contrário, diante diante do evidente e condenável pecado da mulher adúltera Jesus foi misericordioso:: “... Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? ... Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (João 8,10-11).


Se cremos serem as palavras de João 3,17 verdadeiras e se levarmos a sério o que elas dizem, então é melhor revermos que cristianismo é esse que julga/condena o próximo. Porque, se Deus também leva a sério as Suas palavras dirá a cada um dos julgadores naquele dia: “... o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” (Tiago 2,13).

João 3,17:  Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.”

Portanto, se Ele não condenou, não seja eu a fazê-lo.

26 de fevereiro de 2013

E você, vai permitir?

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Aquele rapaz, marcado pelas várias decepções, frutos das suas escolhas, ora infantis ora profundamente sinceras, experimentara a desfaçatez, a mentira, a traição e o abandono. Sua perspectiva de vida fora duramente abalada por suas escolhas bem como por sua confiança nas pessoas erradas. Perdera quase que totalmente a fé no ser humano. Desconfiava de tudo e de todos.

Nos últimos anos havia superado muitos desafios mesmo assim os novos problemas, agora exclusivamente seus, não eram menos profundos. A desconfiança também não diminuíra. Perdera a inocência para sempre.
Foi assim que viveu um dos momentos mais difíceis emocionalmente. Quem havia de lhe prestar socorro, ou no mínimo não piorar a situação, era justamente quem o fustigava. Não se tratava de perseguição, mas de interesses escusos que estavam para além dele. Seu líder não o queria mal, ele era apenas um obstáculo a ser removido.

Aquilo caiu como uma bomba sobre sua instável situação emocional. Como poderia ele, o líder, ser tão incoerente entre o discurso e a prática? Era um contrassenso total. Na situação em que vivia tudo foi potencializado a milésima potência. Perseguição, obsessão, sadismo, mentira, cinismo etc., estavam associadas à imagem daquele homem de fala mansa e discurso piedoso.

Segundo a biologia há uma explicação para reação daquele jovem associada a imagem/lembrança do homem. O mecanismo da memória é a reconstrução sináptica do cérebro. Isto é, lembrar traz as mesmas sensações do passado: alegria ou dor.

A presença daquele homem, catalizada por suas experiências, causava imensa angústia ao rapaz. Cada vez que narrava sua história, a simples menção do nome e dos acontecimentos envolvendo aquela pessoa o fazia “perder o controle”. O coração acelerava, a pressão subia, a voz ficava embargada e alterada.

A pergunta mais eficaz que lhe fizera seu amigo acabou por desatar os vários nós de sua mente e garganta.  – E você vai permitir que ele faça isso com você?

A primeira vista tal pergunta não fazia sentido. – O que posso fazer? Retrucou.  – Ele tem credibilidade, tem o poder, tem prestígio. E eu? Não sou nada nem ninguém. Quem vai acreditar em mim ou na minha história?

Com paciência e sabedoria o amigo voltou à mesma pergunta e completou. – Olha pra você, olha seu estado. Você está todo alterado por causa deste sujeito. Será que vale a pena?

Após uma pequena pausa, continuou. – Rapaz, você está assim, desse jeito, e ele nem está aqui. E tornou a perguntar. – Você vai permitir que ele faça isso com você?

A ofensa, a injúria, a injustiça, a traição etc., são malefícios reais. Eles existem de fato. A questão é até onde eles vão. Sua extensão e profundidade são do tamanho que atribuímos a cada uma destes males. Eles são exatamente (só) o que são, nem mais nem menos. Contudo, podemos somatizar, potencializar e viver por longos anos sofrendo solitários com as más lembranças (as sinapses) ou nos livrarmos delas e voltarmos a ser felizes.

É verdade que em alguns casos precisaremos de ajuda para nos livrarmos destes males, como no caso do jovem, mas, na grande maioria, bastaríamos fazer duas perguntas para nos curarmos deles. 1) Qual lembrança me faz tão mal que perco o controle da minhas ações e emoções, ainda que eu não as demonstre? – Talvez alguma venha à sua mente neste instante. 2) E você vai permitir ela, a lembrança, faça isso com você?

Pense nisso, peça ajuda e viva mais feliz!

25 de janeiro de 2013

Não ter de que se envergonhar

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“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2,15)

O texto é bem conhecido e também muito rico. Destaca-se um pequeno trecho que parece não ter muita importância. De fato o versículo poderia ser assim: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade.”

Nesta carta Paulo dá orientações ao jovem pastor da Igreja de Éfeso: Timóteo. Ele conhecia as Escrituras desde menino (3,15) e tinha uma fé não fingida, herança da sua mãe e da sua avó (1,5). Então, como poderia ter de que se envergonhar? Por que Paulo teve o cuidado de acrescentar “que não tem de que se envergonhar”? Pode alguém tão cheio de virtudes e sabedoria ser motivo de vergonha?

Infelizmente sim. Não deveria ser assim, mas pode acontecer mesmo com o pastor Timóteo. Ora, como qualquer um de nós, Timóteo também não era perfeito, por isso o alerta de Paulo é muito claro: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido”. (3,14). É triste perceber, principalmente nas rádios e TVs, pessoas manuseando muito bem a Palavra em proveito próprio.

Ah! Como seria bom se os crentes de hoje fossem como aqueles homens da cidade de Beréia, os quais só confiavam na Palavra. Eram tão zelosos dEla que, mesmo se Paulo quisesse, não conseguiria enganá-los. (At 17,10-12).

Mas não são apenas os líderes que podem se desviar. Eu e você, se não estivermos atentos, também podemos envergonhar ao Evangelho. Perceba: os dezoito defeitos descritos por Paulo “amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos...”, são atribuídos aos crentes por serem “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (3,2-4). Estes crentes aparentavam piedade (v.5), mas viviam enganando as pessoas (v.6).

O texto de Lucas 12,47-48 explica sobre a responsabilidade de cada crente em conhecermos a vontade do Senhor. Os lideres: “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (v. 48b). Os liderados: “o que a não soube [a vontade de seu Senhor v.47], e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado.” (v. 48a).

Portanto, nem líderes nem liderados podem ser negligentes em conhecer a vontade do Senhor, mas para conhecê-la é preciso ser atento no estudo da Sua Palavra. É preciso estuda-la e saber usá-la correta e dignamente. É disso que fala o texto de 2 Tm 2,15: manejar bem a Palavra de Deus de forma honrada.

Todo obreiro um dia será apresentado a Deus. Mas para ser aprovado, diante d’Ele, duas coisas são necessárias: 1) saber usar a Palavra, 2) não ter de que se envergonhar.

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