3 de julho de 2013

Menores!? Por quê?

Os profetas bíblicos se dividem basicamente em dois grupos para efeitos de estudo, profetas maiores e profetas menores. Esta divisão está relacionada à quantidade de escritos de cada profeta e não ao tempo em que viveram. Assim, temos vários profetas contemporâneos separados em livros distantes uns dos outros.

Os profetas chamados maiores apresentam um rico material de estudo, contudo há certa “injustiça” no valor dado aos profetas chamados menores. Seus escritos intensos e cheios de vida pulsante saltam entre linhas e palavras escolhidas cuidadosamente, quase sempre, em meio a perseguições e lutas pela própria vida.  Vida que corria em fuga. “Então o SENHOR me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo”. (Hb 2,2).

A clareza destes profetas é de impressionar, principalmente quando o opressor era do seu próprio povo, fossem eles líderes, sacerdotes ou profetas. “Os seus chefes [cabeças]* dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”. (Mq 3,11)

As vísceras da injustiça são expostas como só assertivas poéticas podem mostrar. “Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos [sandálias]**” (Am 2,6).

Na economia das palavras não há nenhuma economia da dor, da luta, da injustiça ou das transgressões sofridas. E, mesmo quando o assunto é era o relacionamento com Deus, estes profetas sabiam muito bem o que e, principalmente, como expor aquilo que o Senhor verdadeiramente quer de cada um de nós, de cada ser humano e do seu povo em particular. “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso”. (Am 5,21-24)

A leitura atenta dos profetas chamados menores é um convite à percepção clara, direta e prática das vicissitudes em que viviam. E mais, é um desafio a “escavar” outros tesouros ainda mais raros e profundos escondidos entre as frases e palavras. Portanto, a tarefa destes homens diante dos desafios e a riqueza de seus escritos nos leva a perguntar. Profetas menores? por quê?

* Explicação nossa. ** Tradução nossa.

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