3 de outubro de 2010

Com que autoridade?

Para nós que temos, hoje, a escritura nas mãos fica fácil perceber como os mesmos homens cometeram o mesmo erro duas vezes. Mas naquela época ainda não havia a Bíblia como nós a conhecemos. Por isso, os fariseus fizeram a mesma pergunta duas vezes: com que autoridade você faz estas coisas?

Na primeira vez, a pergunta foi destinada a João Batista com relação ao batismo. Ora, se ele mesmo confessava não ser nem o Cristo, nem Elias, nem um profeta “...Por que batizas...” (Jo 1,25). O leitor mais atento verá que não encontramos a palavra autoridade neste texto (Jo 1.19-25), entretanto, esta ideia está embutida no contexto como também reforçam as palavras de Jesus com relação a este mesmo batismo praticado por João (Mc 11.30; Mt 21.25 e Lc 20.4).

Na segunda vez a pergunta, ainda que não tenha sido a última, foi direcionada a Jesus. “E lhe disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas?” (Marcos 11.28).

Parece claro que os religiosos da época sentiam sua autoridade ameaçada, ora por João Batista, ora por Jesus. Mas por que essa discussão sobre autoridade?

É preciso separar de que autoridade está se falando. Existe a autoridade dada pelos homens, ora pela vontade de Deus, ora pela vontade do próprio homem (permissão de Deus e não vontade d’Ele). Existe também a autoridade dada diretamente por Deus e era justamente essa a que incomodava àqueles religiosos.

Veja que Jesus conhecia bem os dois tipos de autoridade. “O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.” (Mc 11.30). Que pergunta embaraçosa! Se respondessem "do céu" Jesus lhes diria: “Então por que o não crestes?” (Mc 11.31c). Se respondessem “dos homens” a multidão se voltaria contra eles porque “todos sustentavam que João verdadeiramente era profeta.” (Mc 11.32b).

Parece-me que em nossos dias esta mesma crise está instalada, tanto na vida secular quanto na vida religiosa. É muito frequente alguém se faz valer de sua "autoridade" como se ela tivesse sido dada diretamente por Deus ou pela vontade d’Ele. E não raro tanto leigos quanto religiosos confundem os dois tipos de autoridade.

É por isso que admiro os princípios batistas. Para nós “A Bíblia como revelação inspirada da vontade divina, cumprida e completada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo é a nossa regra autorizada de fé e prática.” (Princípio I – A Autoridade). Um princípio bem aos moldes de Martin Lutero (Martin Luther) que questiona a autoridade do Papa voltando-se à Escritura. “Sozinha Scriptura (só a Escritura): A única fonte de revelação e norma de vida são as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.” (Postulado 3).

"Holy Scripture, the Word of God, carries the full authority of God." (Divine authority)


Como é bom sermos livre para examinarmos as Escrituras e conduzimos as nossas vidas e as nossas ações por Ela e não pelas normas de homens que, por mais consagrados que sejam, podem falhar. Que bom não dependermos de uma "infalibilidade Papal" para nos guiar. Que bom é, termos a consciência que nossos líderes também são homens como nós cuja autoridade está fundamentada na perfeita submissão à Palavra de Deus.

Precisamos nos aprofundar no conhecimento das Escrituras e depositarmos n’Ela nossa confiança porque Ela é a nossa única fonte de autoridade. Caso contrário, repetiremos as mesmas perguntas dos religiosos daquela época. E como eles erraremos por não sabermos com que autoridade fazemos tais coisas.
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Um comentário:

  1. A partir do momento que deixo de acreditar que a Palavra é realmente autoridade, também, começo a pensar que meus pais também não têm assim tanta autoridade sobre mim, penso também que o governo não merece a autoridade que diz ter, que a polícia...oba!! Sou livre para fazer tudo!! Ihh! os outros também pensam assim? Ah, mexeu comigo!! Quero minha autoridade de volta! Mas, já é tarde!

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