Assimilação e acomodação são termos técnicos da pedagogia. O primeiro, a assimilação, se refere a capacidade do indivíduo compreender ou entender algo. O segundo, a acomodação, se refere a capacidade do indivíduo colocar o ensino em prática (explicação minha de forma bem sintética).
Fumei durante três anos e garanto que qualquer fumante sabe exatamente TODOS os males do tabagismo, entretanto poucos deixam de fumar. Especificamente neste caso existem implicações biológicas que interferem no comportamental. Chamamos de dependência química.
Se eu pudesse encontrar um sinônimo para aprender do ponto de vista pedagógico diria que aprender é o mesmo que mudar. Podemos aprender (mudar) de comportamento tanto positivamente quanto negativamente. Eu, por exemplo, aprendi a fumar (algo negativo para mim) depois, aprendi a deixar de fumar. Não, não se trata de um artigo sobre tabagismo, mas sobre o conceito do que seja aprender.
Quais as implicações disso?
Quando eu era católico conhecia muitos conceitos bíblicos e como todo “bom católico” da época eu detestava os crentes. Eu os achava chatos, prepotentes e arrogantes. Mas uma coisa me incomodava de forma cabal: eles eram coerentes com a Bíblia e eu não. Confesso que isso me corroia a alma.
Não sou fundamentalista (no sentido comumente empregado ao termo), mas percebo os relativismos das nossas atitudes. Aos poucos fazemos pequenas concessões (não tem nada a ver) até o dia que não teremos nada mesmo. Negociamos valores fundamentais por pequenos favores e benefícios e fazemos isso com o dinheiro dos outros. Melhor, com o dinheiro do Senhor. E o fazemos sem a menor parcimônia. A desfaçatez vem travestida dos jargões mais estapafúrdios adotados pelos valores imorais do mundo (sei disso por eu os usava com frequência). Coisas como: não tem nada a ver; uma mão lava a outra; é preciso entrar na política; prefiro ser feliz a ter razão e por aí vai.
É verdade que o mundo mudou e os crentes também mudaram nestas últimas décadas. Mas duas coisas eu tenho certeza. Primeira, Jesus não mudou. Ele nunca negociou com os valores imorais dos homens; fossem eles, políticos ou não, poderosos ou não, inteligentes ou não. Segunda, se hoje sou uma nova criatura muito devo a ética cristã daqueles crentes “chatos” que insistiam em não colar na escola, não falar palavrões, não beber, não fumar etc. Eles eram autênticos e zelosos dos ensinos bíblicos. Aqueles “chatos” poderiam nem mesmo entender de pedagogia e seus termos técnicos. Agora, eles viviam o que pregavam e pregavam porque viviam.
Sem a teoria (a assimilação) não há ação (a prática). Por outro lado, sem mudança, não há aprendizado. No nosso caso não há testemunho, não há veracidade e não há unção (diria eu).
Hoje, desejo ser tão ou mais “chato” que eles porque Deus os usou para que um dia eu viesse a me converter. Sinceramente, Deus me livre de ser a palmatória do mundo (não é disso que falo), mas tenho vergonha do que tenho visto e ouvido. Por outro lado agradeço a Deus por estar acontecendo neste tempo. Se fosse naquele eu jamais aceitaria Jesus como meu salvador. Se fosse hoje sei bem o que eu diria a estes novos "crentes":
“Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois?” (Atos 19.15).