17 de outubro de 2010

Jesus: Judas, pobre Judas!

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Você conhece alguém com o nome de Judas? Eu conheci um Matusalém, mas Judas, confesso que não.

Judas era um nome muito comum na época de Jesus. O Novo Testamento cita, pelo menos 5 Judas diferentes. Um nome importante para os hebreus cuja origem está ligada ao filho mais nobre dentre os filhos de Israel, Judá. Não é por acaso que este nome vem a identificar todo o povo chamado Judeu. Ora por que um nome tão importante, para nós, deixa de ser nome para tornar-se um adjetivo? Judas; sinônimo de traidor.

Judas (falamos do Iscariotes, é claro) tinha um desvio de caráter. Como tesoureiro do grupo subtraia o dinheiro da bolsa. (Jo 12.6). Mas por que ele fazia isso?

A Bíblia não fala claramente, mas penso que Judas tinha sede de poder. Assim como seus amigos, ele também tinha os “seus planos” para Jesus e como os outros, não entendia a missão do Mestre.
Certa ocasião a mãe de Tiago e João tenta um cargo especial para seus filhos no Reino de Deus. E essa atitude acaba aborrecendo os outros discípulos. (Mt 20.20-24). Portanto, é possível pensar que todos queriam um lugar especial neste reino. Tanto que Jesus indica-lhes qual seria o caminho. “Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal” (Mt 20.26).

Trair. O que é trair? O que é traição?

Se olharmos para Pedro, não podemos dizer que ele traiu Jesus ao negá-lo? E os demais discípulos não fizeram o mesmo? “Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.” (Mt 26.35). Percebeu o detalhe? Também não traíram os discípulos que fugiam para Emaús conforme Lucas 24.13? E, por que eles fizeram isso? Porque também não entendiam a missão de Jesus. Estavam decepcionados a espera de um rei que os liderassem pela espada. “E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” (Lc 24.21).

Os planos de Judas de liberdade talvez fosse parecido com os dos seus companheiros. Ora, Jesus já havia manifestado seu poder em muitas ocasiões em que Judas estava presente. Talvez, na mente dele, pensasse: Se eu entregar Jesus, vou "ajudar" que o seu Reino comece logo. Talvez o seu desejo fosse que Jesus se rebelasse e mostrasse todo o seu poder tornando-se o Rei de Israel. Na lógica de Judas, ele e seus amigos seriam os maiores beneficiados, pois eram os mais próximos de Jesus.

Veja que isso passou também pela cabeça de Pedro. Quando viu o Mestre ser preso Pedro pode ter imaginado que era chegado o momento do levante e, pos isso, teria cortado a orelha do soldado. Mas para sua decepção Jesus o repreende. “Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11).

Quando “nada” acontece, ou seja, Jesus se deixa aprisionar, tanto Pedro como Judas não sabem o que fazer. Pedro acompanha Jesus de longe alimentando, quem sabe, a esperança de ver o Mestre escapar. Enquanto isso, Judas tenta desfazer o seu erro devolvendo o dinheiro pelo pagamento de sua traição. Logo Judas que gostava tanto de dinheiro. (Será?)

Ao perceber que sua traição não surtiu o efeito esperado Judas se arrepende. “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,” (Mt 27.3). Mas era tarde demais para ele. Diante da dor de ter traído um inocente e sem conseguir desfazer seu erro Judas (pobre Judas!) vai enforcar-se. (Mt 27.4,5).

A traição, confesso, é um dos sentimentos que mais me aflige (ou afligia), contudo, olhando a partir da visão de Jesus fica difícil não perceber que seu perdão alcança a todos nós. Para Ele este pecado não é maior que nenhum outro. Analisando o comportamento de Jesus não consigo imaginar que ele guardasse mágoa de Judas.

Penso que se Jesus pudesse comentar sobre a história de Judas diria: - Judas, pobre Judas! Escreveu seu nome na história como traidor, amaldiçoando, entre os homens, o nome que Deus exaltou entre o seu povo. Judas, pobre Judas! Seu pecado não maior que os dos outros porque também por este entreguei a minha vida. Fiz isso para que você também fosse perdoado.

Nunca gostei (nem gosto) da atitude de traição dos “Judas” de nosso tempo, porém pensando no caráter de Jesus, certamente Ele perdoaria este pecado. Analisando a vida de Judas, coitado, percebo como ele sofreu.

Judas, pobre Judas!

8 de outubro de 2010

A Autoridade em Jesus ou de Jesus?

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Apesar de teremos a Bíblia na mão, muitos de nós não a leem como faziam as gerações passadas. Mas isso não significa que havia mais entendimento do que hoje sobre alguns assuntos simples da Escritura. Se alguém perguntasse: de onde vinha a autoridade de Jesus? Qual seria a resposta mais provável? De Deus é claro.

De fato a resposta não estaria errada, a não ser pelo fato de, primeiro, precisarmos definir o significa da expressão “de Deus”. Se significar que Jesus tinha autoridade por ser filho de Deus a resposta está equivocada. A autoridade de Jesus NÃO vem de sua hereditariedade paterna.

É preciso considerar quem foi Jesus desde sua concepção. Quem acompanha a gestação de um bebê sabe que ele vai crescendo dentro do útero materno. Logo, Jesus tinha aproximadamente oito centímetros aos três meses, aos quatro meses já tinha massa encefálica e cerca de quinze centímetros, e assim por diante. Jesus foi crescendo, crescendo, crescendo, até que, finalmente, depois de nove meses, nasceu como qualquer outro bebê. Foi frágil e dependente do cuidado dos pais para sobreviver. Ora Jesus foi criança, adolescente, jovem e finalmente adulto. Como eu e você se alimentava e, claro, também ia ao banheiro. Não quero aqui “desespiritualizar” Jesus. De forma alguma! Ele nasceu da semente de mulher e não pecou. Nisso foi diferente de nós!


Então, como podemos explicar sua autoridade vinda do alto? Seria porque Ele não pecou? diriam.

A Bíblia é clara quanto à vida de Jesus. Como todo menino Judeu ele aprendeu com a mãe, Maria, e com o pai, José, sobre as Escrituras. Lhe ensinaram tão bem no dia do Bar Mitzvá disputava como os religiosos e “todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.” (Lucas 2.47) É muito curioso que nós poucas vezes percebemos o final deste capítulo de Lucas: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens. (Lucas 2.52). Foi com a Palavra que Jesus resistiu a tentação do Diabo por três vezes citando Dt 8.3, Dt 6.16 e Dt 6.13. Nesta passagem (Mateus 4.1-9) Jesus não diz “me foi revelado” ou “eu já sabia”. Diz claramente por três vezes “está escrito”. Isso implica no Seu conhecimento profundo da Lei (Torah). Ele não a lia simplesmente, mas, principalmente, a guardava no seu coração.

Mas somente conhecer muito bem a Escritura não é o bastante. Mesmo Nicodemos, um príncipe entre os Judeus, não a compreendia muito bem. Nicodemos, diferentes de seus colegas fariseus, reconhecia a autoridade de Jesus pelos sinais que o Mestre fazia. Então, voltamos à pergunta: De onde vinha esta autoridade?

Acontece que os sinais que Jesus fazia estavam sempre permeados pela oração. Oração antes, durante e depois. No dia da decisão mais difícil de sua vida, Jesus estava tão angustiado que suava sangue, enquanto orava ao Pai. Após a multiplicação dos peixes ficou sozinho para orar. Orava pelos discípulos, orava pela manhã, a tarde, a noite e na madrugada. Jesus orava tanto que certa vez “... estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” (Lucas 11.1)

Essas eram as fontes da autoridade de Jesus. Não era nenhum tipo de “fenômeno” ou "herança genética”. Era uma autoridade lapidada e forjada na obediência ao Pai. Obediência de quem conhece (pela Escritura) e é conhecido (pela vida de Oração). Ou como diria o Pr. Joed uma vida voltada para o básico de qualquer crente.

3 de outubro de 2010

Com que autoridade?

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Para nós que temos, hoje, a escritura nas mãos fica fácil perceber como os mesmos homens cometeram o mesmo erro duas vezes. Mas naquela época ainda não havia a Bíblia como nós a conhecemos. Por isso, os fariseus fizeram a mesma pergunta duas vezes: com que autoridade você faz estas coisas?

Na primeira vez, a pergunta foi destinada a João Batista com relação ao batismo. Ora, se ele mesmo confessava não ser nem o Cristo, nem Elias, nem um profeta “...Por que batizas...” (Jo 1,25). O leitor mais atento verá que não encontramos a palavra autoridade neste texto (Jo 1.19-25), entretanto, esta ideia está embutida no contexto como também reforçam as palavras de Jesus com relação a este mesmo batismo praticado por João (Mc 11.30; Mt 21.25 e Lc 20.4).

Na segunda vez a pergunta, ainda que não tenha sido a última, foi direcionada a Jesus. “E lhe disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas?” (Marcos 11.28).

Parece claro que os religiosos da época sentiam sua autoridade ameaçada, ora por João Batista, ora por Jesus. Mas por que essa discussão sobre autoridade?

É preciso separar de que autoridade está se falando. Existe a autoridade dada pelos homens, ora pela vontade de Deus, ora pela vontade do próprio homem (permissão de Deus e não vontade d’Ele). Existe também a autoridade dada diretamente por Deus e era justamente essa a que incomodava àqueles religiosos.

Veja que Jesus conhecia bem os dois tipos de autoridade. “O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.” (Mc 11.30). Que pergunta embaraçosa! Se respondessem "do céu" Jesus lhes diria: “Então por que o não crestes?” (Mc 11.31c). Se respondessem “dos homens” a multidão se voltaria contra eles porque “todos sustentavam que João verdadeiramente era profeta.” (Mc 11.32b).

Parece-me que em nossos dias esta mesma crise está instalada, tanto na vida secular quanto na vida religiosa. É muito frequente alguém se faz valer de sua "autoridade" como se ela tivesse sido dada diretamente por Deus ou pela vontade d’Ele. E não raro tanto leigos quanto religiosos confundem os dois tipos de autoridade.

É por isso que admiro os princípios batistas. Para nós “A Bíblia como revelação inspirada da vontade divina, cumprida e completada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo é a nossa regra autorizada de fé e prática.” (Princípio I – A Autoridade). Um princípio bem aos moldes de Martin Lutero (Martin Luther) que questiona a autoridade do Papa voltando-se à Escritura. “Sozinha Scriptura (só a Escritura): A única fonte de revelação e norma de vida são as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.” (Postulado 3).

"Holy Scripture, the Word of God, carries the full authority of God." (Divine authority)


Como é bom sermos livre para examinarmos as Escrituras e conduzimos as nossas vidas e as nossas ações por Ela e não pelas normas de homens que, por mais consagrados que sejam, podem falhar. Que bom não dependermos de uma "infalibilidade Papal" para nos guiar. Que bom é, termos a consciência que nossos líderes também são homens como nós cuja autoridade está fundamentada na perfeita submissão à Palavra de Deus.

Precisamos nos aprofundar no conhecimento das Escrituras e depositarmos n’Ela nossa confiança porque Ela é a nossa única fonte de autoridade. Caso contrário, repetiremos as mesmas perguntas dos religiosos daquela época. E como eles erraremos por não sabermos com que autoridade fazemos tais coisas.
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