21 de janeiro de 2010

Seminário do Sul? Sim, Eu Defendo!


Não tinha mais jeito, alguém precisava pará-Lo. Mas como fazer isso se o juízo não cabia, o império não permitia e a multidão não deixava? Mas eles tinham um plano: Primeiro, seduziram o traidor para o entregarem aos soldados romanos. Segundo, reuniram-se Caifás e seus sátrapas para o julgarem a noite quando os outros não estavam presentes. Terceiro, levaram-no a um governador medroso para que julgasse segundo a lei romana. Por último, manipularam a multidão para que o condenassem. Crucifica-o! Crucifica-o! Gritava a multidão.

O modo mais vil de destruir a memória dos batistas do Brasil e dos EUA é a venda do seminário, pois interrompe a formação de novos líderes, menospreza a linda história dos batistas e demonstra o nosso total abandono à instituição.

O seminário do Teológico Batista do Sul do Brasil é assim chamado por ter sido construído pelos batistas do sul dos EUA, segundo a vontade de Deus. Há mais de 100 anos vem cumprindo o seu objetivo: formar líderes conhecidos e reconhecidos na denominação batista e fora dela. Com a venda, ainda que parcial, o que estamos fazendo é interromper este processo. Nossas igrejas precisarão rever o perfil de seus futuros líderes “formados no seminário do sul”.  As dificuldades na busca de novos líderes só tendem a agravar-se. Se está difícil, se tornará ainda pior.

Na entrada do alojamento está escrito: “Este edifício foi construído graças à generosidade do povo batista dos Estados Unidos da América do Norte”. É “este edifício”, não qualquer outro.  Este edifício que abençoa tantos estudantes há tanto tempo (desde 1959).  Lugar onde os joelhos de muitos de nossos atuais líderes já se curvaram centenas de vezes. Um edifício construído “graças à generosidade”. Uma generosidade que parece nos faltar.  Falta de generosidade para com aqueles homens e mulheres que deixaram suas casas para nos abençoar. Falta de generosidade com a memória dos Batistas do Brasil e do mundo que estudaram (e estudam) nesta instituição.  Ingratidão... não é a primeira vez que a vemos.

E nós como igreja, o que temos feito?  Nós consentimos e deixamos que isso aconteça. Ou não nos interessamos pelo que acontece ou ficamos como espectadores olhando passivamente.  Alguns fecham os olhos, como se não fôssemos o mesmo corpo, como se o reino de Deus não tivesse nada a ver com isso. Outros nem se interessam por sua própria história e sua memória. Também foi assim que os hebreus ficaram exilados na Babilônia por setenta anos. Abandono, também não é a primeira vez.

A aparente derrota na cruz se tornou em vitória e nada do que foi feito impediu o plano de Deus. A história mostra que Ele estava o tempo todo no controle, entretanto um detalhe chama a atenção.  Não me lembro de ter lido na Bíblia os nomes dos defensores de Jesus, mas os nomes dos que o traíram estão registrados: Anás, Caifás, e seus sátrapas; Judas Iscariotes, o traidor; Pôncio Pilatos, o covarde; e a multidão, a ingrata. Seus nomes estarão para sempre marcados na história por seus feitos.

Neste ano de 2010 estão reunidos sacerdotes, homens e mulheres de Deus, para tomada de muitas decisões. Dentre elas a confirmação da venda do seminário. Se for realmente vendido, Deus está no controle. Se não, Deus está controle do mesmo modo.  A questão é como cada um será lembrado na história dos Batistas do Brasil (e do mundo).

Se é para repetir o erro, prefiro que meu nome nunca seja lembrado. Eu defendo, sim, o seminário do sul!


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2 comentários:

  1. A Alienação do patrimônio dos Batistas Brasileiros começou há muitos anos. Dou graças a Deus que meu avô, Pr. Reis Pereira, não permaneceu para ver em que estado se encontra a denominação. Hoje é cada um por si, não há uma denominação, mas uma colcha de retalhos, com pequenos feudos dominando cidades e regiões. Cada qual interpretando o que é ser batista à sua maneira. As igrejas estão sem identidade, de tal modo que nem reconhecemos que entramos numa igreja batista. Infelizmente esse descaso se reflete no desinteresse pelo patrimônio comum. Os missionários americanos que se dedicaram à aquisição destas propriedades não eram ricos, fizeram campanhas e sacrifícios, dedicaram tempo e esforço. Construíram com os melhores materiais, com qualidade e amor. Devíamos honrar e prezar melhor aquilo que foi conquistado com orações e suor.
    Ida Mazoni Venturini de Souza

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  2. O problema é que como batistas ou como qualquer outra “denominação”, fizemos e ainda fazemos em alguns casos, questão de sermos reconhecidos como tal. Qual a importância disso pra Cristo ou para o evangelho? Toda essa preocupação e pompa em "sermos", não teria nos distanciado do verdadeiro sentido do evangelho? Não seria essa a causa de tão grande falência?

    Em amor e temor,
    Mano Zé.

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