Após as dez pragas, o
mar se abrir e sair água da pedra, entre outros milagres, por que o povo ainda
murmurava? Parece não fazer nenhum sentido, mas faz.
Havia uma razão
para murmuração: a sede, a fome, o temor, ansiedade etc. Sempre houve um motivo
legítimo à murmuração. Ninguém reclamava de “barriga cheia”. A questão era a
forma. Ao invés de pedir, confiar e buscar a face de Deus, o povo murmurava. Ou
seja, o povo não falava com
Deus, mas contra Ele (murmuravam). “Até quando
sofrerei esta má congregação, que murmura
contra mim? Tenho ouvido as murmurações (queixas) dos filhos de Israel, com
que murmuram contra mim.”
(Números 14,27).
Na língua original
a palavra aparece duas vezes tendo o sentido de persistência. Não se tratava de
uma reclamação corriqueira, era algo sistemático e insistente. Uma reclamação infundada considerando tudo aquilo que o povo já havia experimentado de/com Deus.
Certamente "Parã" existe ainda hoje. Quantos crentes experimentam maravilhas de/com
Deus e logo a seguir, na primeira dificuldade real, começam a murmurar? A vida cristã é um
processo. Esta atitude vinda de um novo convertido é algo até compreensível,
mas crentes antigos tendo altos e baixos é de se desconfiar.
Talvez estes
crentes não estejam realmente maduros, por isso suas vidas com Deus são “aos
soluços”. Surge um problema e logo reclamam e esperneiam como uma criança
mimada. Em sua bondade o Senhor responde (mesmo que não precise) e então “fica
tudo bem”. Mas só até o próximo problema. A solução para este tipo de atitude
infantil/inconstante é simples. Leia a Bíblia e ore todos os dias. A vida com
Deus não feita de sobressaltos e surpresas. Ela e feita de constância e
disciplina.
Outra
possibilidade é de se tratar de crestes nominais. Pessoas que não passaram pela
experiência radical e inconfundível com o Senhor. Neste caso a solução é mais
difícil. Será preciso parar de racionalizar Deus, porquanto se Deus for
racional não é realmente Deus. Será preciso buscá-lo como quem deseja
encontrar. Será preciso, sobretudo, crer Nele e não em si mesmos.
Em ambos os casos
trata-se de egoísmo: ser satisfeito o tempo todo ou confiar em si. Se Deus
prova o homem não é para reprová-lo. Ora, a vida é cheia de altos e baixos para
crentes ou não. A diferença é que no deserto (de Parã, em Cades) Deus não deixa ninguém morrer. Mas para Ele há um limite para com os murmuradores.
“Dize-lhes: ... Neste deserto cairão os vossos
cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a
vossa conta, de vinte anos para cima, os
que dentre vós contra mim murmurastes;” (Números 14,28-29).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço por seu comentário. Volte sempre.