26 de novembro de 2012

Falar com Deus ou contra Ele?

Por que?
Após as dez pragas, o mar se abrir e sair água da pedra, entre outros milagres, por que o povo ainda murmurava? Parece não fazer nenhum sentido, mas faz.

Havia uma razão para murmuração: a sede, a fome, o temor, ansiedade etc. Sempre houve um motivo legítimo à murmuração. Ninguém reclamava de “barriga cheia”. A questão era a forma. Ao invés de pedir, confiar e buscar a face de Deus, o povo murmurava. Ou seja, o povo não falava com Deus, mas contra Ele (murmuravam). “Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações (queixas) dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.” (Números 14,27).

Na língua original a palavra aparece duas vezes tendo o sentido de persistência. Não se tratava de uma reclamação corriqueira, era algo sistemático e insistente. Uma reclamação infundada considerando tudo aquilo que o povo já havia experimentado de/com Deus.

Certamente "Parã" existe ainda hoje. Quantos crentes experimentam maravilhas de/com Deus e logo a seguir, na primeira dificuldade real, começam a murmurar? A vida cristã é um processo. Esta atitude vinda de um novo convertido é algo até compreensível, mas crentes antigos tendo altos e baixos é de se desconfiar.

Talvez estes crentes não estejam realmente maduros, por isso suas vidas com Deus são “aos soluços”. Surge um problema e logo reclamam e esperneiam como uma criança mimada. Em sua bondade o Senhor responde (mesmo que não precise) e então “fica tudo bem”. Mas só até o próximo problema. A solução para este tipo de atitude infantil/inconstante é simples. Leia a Bíblia e ore todos os dias. A vida com Deus não feita de sobressaltos e surpresas. Ela e feita de constância e disciplina.

Outra possibilidade é de se tratar de crestes nominais. Pessoas que não passaram pela experiência radical e inconfundível com o Senhor. Neste caso a solução é mais difícil. Será preciso parar de racionalizar Deus, porquanto se Deus for racional não é realmente Deus. Será preciso buscá-lo como quem deseja encontrar. Será preciso, sobretudo, crer Nele e não em si mesmos.

Em ambos os casos trata-se de egoísmo: ser satisfeito o tempo todo ou confiar em si. Se Deus prova o homem não é para reprová-lo. Ora, a vida é cheia de altos e baixos para crentes ou não. A diferença é que no deserto (de Parã, em Cades) Deus não deixa ninguém morrer. Mas para Ele há um limite para com os murmuradores.

“Dize-lhes: ... Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes;” (Números 14,28-29).

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