A questão é o que dizer numa hora destas? O que dizer aos parentes? O que dizer ao meu amigo que sofria a perda de sua querida mamãe?
Comecei um “passeio” por todas as coisas que estudei na teologia. E, no final, senti certo desapontamento. Nessa hora fiquei aliviado por não ser eu o pastor a conduzir a cerimônia fúnebre. Então entendi que nenhum livro CLÁSSICO de teologia poderia me ajudar.
Depois comecei a folhear a Bíblia para trazer uma palavra de conforto à família. E, embora conhecesse certo número deles, nenhum parecia adequado. Folheei, folheei, folheei ... até que:
Descobri que na Bíblia não encontraria um versículo que pudesse ESPECIFICAMENTE amenizar aquela dor, mas encontrei um grande valor contido nela: o silêncio.
Antes dos amigos começarem a falar bobagem, julgando a vida de Jó, eles foram de uma profunda sensibilidade/sabedoria. Eles simplesmente se calaram:
“Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram cada um do seu lugar [...] e combinaram condoer-se dele, para o consolarem. E, levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; e levantaram a sua voz e choraram, e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. E assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” (Jó 2,11-13).Foi o melhor que pude fazer. Abraçar meu amigo e dizer-lhe “Conte comigo”. Qualquer coisa além disso me pareceu insano. Preferi o silêncio. Por alguns instantes vivi uma pequena amostra da rotina do ministério pastoral, algo quase esquizofrênico: alegria e tristeza profundas. Foi uma dose cavalar de realidade numa pequena gota de tempo. Vivi algo que nenhuma teoria pode dar conta. Algo, aí, bem presente e muito real na vida das pessoas.



