QUEM É O DEUS DOS CRISTÃOS?
Aquele seria mais um dia comum na nossa rotina de estudos. Ao final da aula, como todo estudante de teologia, sempre temos muitas perguntas “teológicas”. Aquelas perguntas típicas de seminaristas. Foi então que meu amigo Jonathan perguntou: Leo, me responda o seguinte: Quem é o Deus dos cristãos? Não responda agora – Replicou. – Pensa com calma e depois responde.
Perguntei se poderia virar um artigo e ele concordou, sendo este o motivo deste post. Uma pergunta de suma importância!
Antes de começar a tentar responder a pergunta é preciso, no entanto, estabelecer alguns parâmetros:
1 – Não sou teólogo, então não pretendo encontrar uma resposta definitiva para a pergunta. Mesmo que fosse, não tenho tal pretensão. Minha intenção é responder a um amigo por quem tenho grande apreço e respeito.
2 – A tentativa de resposta não é, de forma alguma, uma posição teológica da minha igreja ou denominação. Nem mesmo da teologia da academia, onde sou apenas mais um estudante ávido por respostas.
3 – Citando “Deus dos cristãos” então, me aterei a Cristo e não somente a Jesus. E mais, dentro do contexto evangélico na realidade do BRASIL.
4 - É possível ainda, que de algum modo cometa injustiça com alguma denominação cristã que não conheço. Por isso, gostaria que caso você faça comentários, que seja para nos ajudar a responder essa pergunta. Seu comentário deve levar em conta que eu sou ignorante (admito) quanto a seu credo em particular.
A tentativa de resposta tornou-se por demais inglória, ainda que restrita aos evangélicos e, somente aos evangélicos do Brasil. É algo que foge sobremaneira de uma resposta conclusiva, seja pela limitação deste autor, seja pela amplitude das possibilidades, seja ainda, pela subjetividade do tema. Temo ser impossível alguém responder com uma afirmativa. Portanto, apenas suspeito poder afirmar
QUEM NÃO É O DEUS DOS CRISTÃOS!
Se estivermos falando de Cristo, então o Deus dos cristãos não é o Cristo da cruz. Porque o que mais se fala é das bênçãos materiais e não das espirituais. Bênçãos conquistadas na cruz através da morte de Jesus. Cruz que cada um de seus discípulos deveria carregar, não somente na hora do apelo, mas na entrega da própria vida. A cruz (a morte) de cada dia. E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. (Lucas 9:23). Não é o Cristo da cruz o Deus dos cristãos, porque não O temos seguido.
Também não é o Cristo humilde, que se humilhou a si mesmo na pior morte que se poderia pensar. Uma morte sob tortura, vergonhosa um escândalo para os Judeus. ...porquanto o pendurado é maldito de Deus... (Deuteronômio 21:23). Um Cristo que se humilhou desde o início, saindo das regiões celestiais para habitar no ventre da mulher e ali esperar nove meses para nascer na forma frágil de um bebê. Um Cristo que nasceu, viveu e morreu de forma humilde. Basta olhar às igrejas e perceberemos que o Cristo humilde não é o Deus dos cristãos.
Há ainda muito outros pontos, contudo entendo que um último aspecto seja relevante. Se considerarmos os últimos séculos, o Deus dos cristãos não é o Cristo que voltará, reinará e julgará todas as nações. Um Cristo soberano cujo nome é sobre todo nome e que diante dele se hão de se dobrar ...todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra (Filipenses 2:10). Cujo nome é exaltado por Deus pai para que, um dia ...toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR... (Filipenses 2:11). Um Cristo que estava desde o princípio que veio para os seus, mas o seus não o receberam.
Não é, definitivamente não é o Cristo da escatologia o Deus dos cristãos. Aquele que vai estabelecer o Seu reino o qual não terá fim. Porque se pensarmos bem, fazemos tantos planos pensando no futuro, querendo e “conquistando” tantas coisas, que esquecemos (abandonamos) o conceito do que sejam as almas perdidas. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia. (Lucas 9:56).
Porque temos visto um Evangelho fácil que satisfaz mais a carne e a razão (sabedoria humana) do que o espírito. Uma boa nova (Evangelho) onde o bom é a minha satisfação pessoal e do meu grupo (minha denominação). Mas e o outro? O outro não importa. Se precisar passo por cima dele. E o retrato mais claro disso é o tipo de liderança que tem recebido mais projeção; seja nas organizações, seja (e principalmente) na mídia. Estes (leigos e líderes) só agem como agem, porque pensam que não haverão de prestar contas a Rei dos reis. Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos. (I Pedro 4:5).
A segunda possibilidade é entender um Cristo experiencial. Um Cristo que transforma vidas. Que de um modo inexplicável muda o coração do homem, transformando o mais embrutecido dos homens no mais manso deles. Um Cristo que, sem nenhuma razão lógica, diz para um marginal confesso e da pior categoria, estarás comigo no paraíso. O Cristo, um Deus que cada um nós individualmente (eu e você) só pode explicar pelo que experimenta. Não pelo estudo teológico, pela tradição de família ou pelo conhecimento da ciência. Porque no dia em que eu puder explicar Deus, Ele deixará de ser o meu Deus. Porque só posso explicar pelo que não se pode explicar, mas pelo que sinto, pelo que experimento e pelo que vivo. O Deus dos cristãos!? Esse não o conheço e suspeito que jamais venha a conhecê-lo. Mas o meu Deus, ah, esse sei muito bem quem é. Nos falamos TODOS os dias e nosso relacionamento tem sido mais íntimo a cada dia. É o Cristo que não conheço de ouvir falar, mas que O vêem meus olhos.
Acredito que a pergunta fundamental não seja Quem é o Deus dos cristãos, mas: O QUE É O CRISTO NA MINHA VIDA? E, com muito carinho e respeito (porque és meu estimado amigo) ouso te devolver a pergunta: O que é o Cristo na sua vida? Porque é isso o que realmente importa, é isso que faz realmente diferença. Uma diferença com data de validade para toda a eternidade.
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