Era madrugada e, antes retornarmos, decidimos parar pela primeira vez naquela calçada. De repente, alguém do grupo nos chamou para orarmos por Lorelaine (nome fictício), uma jovem gestante.
– Para quando é esse bebê?
– Para o mês que vem, respondeu-me com um sorriso aberto.
Ela parecia animada com a chegada da criança enquanto eu, pai de duas meninas, mal pude disfarçar minha preocupação.
– Onde ele vai nascer?
– No Carmela Dutra, disse ela cheia de confiança e sorridente.
Sem mais, oramos pela vida da mãe e do bebê pedindo ao Senhor que tudo corresse bem para ambos. Terminada a oração, ela nos agradeceu, se afastou um pouco e foi deitar no seu papelão cobrindo a cabeça com um cobertor. Alguém do nosso grupo, que conversava com ela há mais tempo, comentou: “Vai dormir feliz hoje porque está com a barriga cheia”.
Lorelaine foi a última pessoa com quem falamos naquela madrugada e, talvez por isso, a lembrança daquele encontro esteja tão viva. A imagem de uma jovem feliz pelo alimento de uma noite; animada com a chegada do filho e; tranquila ao deitar-se, ali, no papelão, protegida por um simples cobertor, dividindo o espaço com outros que fazem da calçada o seu quarto.
Muitas são as razões e experiências que levam as pessoas a viverem nas ruas do Rio de Janeiro. No entanto, momentos como estes são chocantes, mesmo quando a pessoa se sente feliz e tranquila. É o tipo de experiência que deixa marcas profundas no nosso coração. Não consigo parar de pensar naquela jovem gestante e no futuro provável que dará ao seu filho: viver nas ruas dependendo da caridade dos outros.
Das tantas perguntas ou respostas possíveis às situações desse tipo, uma é demasiada incômoda. O que será que está errado com esse nosso Evangelho? Porque sobre uma coisa não há qualquer sombra de dúvida: esse Evangelho que pregamos não está fazendo diferença, ou fazendo muito pouca, na sociedade em que vivemos.
“Então, dirá o Rei a todos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, abençoados de meu Pai! Recebei como herança o Reino, o qual vos foi preparado desde a fundação do mundo. Pois tive fome, e me destes de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes.” (Mt 25.34-35)
Os Magos do Oriente não eram só TRÊS e muito menos eram REIS!?!
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[image: Como assim os Magos não estavam lá no dia do nascimento de Jesus?]
E se eu disser para você que os Magos do Oriente narrados nem Mateus
2:1-17...
Há 10 meses