Nada de novo! A cena se repete todos os dias e em todo
lugar. Todos nós conhecemos alguém que está de mal com a vida. Não falo de uma
fase ruim pela qual todos nós passamos. Falo da amargura crônica de quem vive “na
vida” e não vive “a vida”. Você conhece o tipo só de cumprimentar. – Bom dia! E, ele/ela responde prontamente. –
Bom?! O que pode ter de bom? Você está debochando de mim? São pessoas amargas
com a vida as quais encontramos também nas igrejas.
Gente que vê defeito em tudo, nada a agrada. E, esse é o
maior problema: querer ser agradado. Sobre isso (ser agradado) outros já
falaram. Hoje, quero pensar nos motivos que levam a uma pessoa agir assim.
Afinal ela está com raiva de quem? Ou do que?
1 – Ela tem raiva (de quem?) de si.
Trata-se de uma pessoa amargurada, consigo. Ela se sente
infeliz com a pessoa que é com a vida que leva, com sua a aparência, sua
família, com seu trabalho e seus os amigos (se é que os tem). Enfim, sua
história parece caminhar para um final infeliz e macabro. Essa pessoa não gosta
do que vê todos os dias no espelho. Não gosta da casa, não gosta da igreja, não
gosta de nada, simplesmente porque não se gosta.
2 – Ela tem raiva (do que?) do mundo.
Para ela o mundo é responsável por sua infelicidade. – Se eu
tivesse aquele emprego, aquele(a) esposo(a), se meus filhos fossem assim, se
tivesse amigos, se minha igreja fosse dessa forma etc.; eu seria feliz. É deste
modo que ela pensa/imagina o (seu) mundo.
O que podemos fazer?
Dificilmente estas pessoas vão sair sozinhas desta situação.
Elas retroalimentam a suas frustrações com as suas próprias dores. Portanto:
1 – Elas precisam de amor.
Ame esta pessoa e tente quebrar o ciclo vicioso da sua mente:
“ninguém me ama”. Ame mesmo que ela não queira ser amada. Demonstre compaixão
mesmo que ela te rejeite. Como nos ensina o Mestre: “caminhe a segunda milha”.
2 – Elas precisam de ajuda.
Lamentavelmente, ainda existe quem pense que psicólogo é
coisa para gente maluca. Na igreja é ainda pior: “crente não precisa de
psicólogo”. Não é verdade. Doenças da modernidade como o stress, por exemplo,
atinge a qualquer pessoa independente do seu credo. Portanto, pessoas com raiva
de si e do mundo precisam de ajuda profissional.
Talvez, o mais difícil seja reconhecer o problema.
Reconhecê-lo implica na responsabilidade de ajudar. E isso dá trabalho, muito
trabalho. É mais fácil acusar, se afastar, isolar ou ignorar a pessoa. Ou ainda
relativizar dizendo: “um dia ela cairá em si”. De fato, mas isso seria um
milagre. Conquanto acredite em milagres, isso provavelmente não vai acontecer.
O certo é que veremos nosso(a) irmão(ã) definhando, ano após
ano, na nossa frente até chegar o dia que de fato venha a morrer. Aí terá se
perdido uma vida que de certo modo “pede socorro” todos os domingos sem que nós
entendamos (ou queiramos entender).
Uma vida que, certamente, poderia abençoar tantas pessoas
sendo útil ao Reino de Deus, contudo sofre e faz sofrer todos a sua volta. Uma
vida preciosa aos olhos do Pai. Que assim como nós, é amada por Ele. Uma pessoa com raiva de tudo e de todos. Com raiva de si e
do mundo.